Durante minha viagem a Vitória, Espírito Santo, fui surpreendida pelas escadarias de seu centro histórico.
A fundação de Vitória começa pelo alto, no período de descoberta da América. Os colonizadores procuraram um local mais seguro para se guardarem dos ataques dos índios e de estrangeiros, principalmente franceses e holandeses. Apesar de ser uma cidade tão antiga e tão importante, Vitória sofreu descaracterizações em sua arquitetura, como poderemos ver na Catedral de Vitória e no Palácio Anchieta além das próprias escadarias. 40% da cidade é composta por morros, o que explica, em parte, a construção desses meios de acesso. Foram construídas junto com o crescimento da cidade para substituir as ladeiras inseguras. Fiquei surpresa ao encontrar tantas escadas como essas em Vitória. Belo Horizonte, minha cidade, que também possui um relevo acidentado, não possui escadarias como estas.
As duas primeiras com as quais me deparei foram a Dionísio Rosendo e a Maria Ortiz ambas pichadas e em mau estado de conservação. Elas elevam o visitante a um patamar mais alto onde se encontra atualmente a Catedral de Nossa senhora da Vitória. Neste local existia a antiga Matriz de Nossa Senhora de Vitória, que começou a ser construída no período de fundação da Vila de Vitória, em 1550. Como Matriz, ela sediava todos os eventos oficiais de Portugal e abrigou também as solenidades religiosas de aclamação de Dom Pedro I como o primeiro imperador do Brasil. Apesar de todo o esforço em restauração feito durante seu período de existência, foi demolida no início do século XX sob a justificativa de ser insuficiente para a demanda dos fiéis e, no seu lugar, foi construída a atual Catedral de Vitória.
Essa Catedral é a mais suntuosa das igrejas do centro e chama a atenção por seu desenho neogótico, que vai contra as
origens coloniais da capital. Essas
duas escadarias, portanto, levam ao patamar mais alto do centro
histórico, localização que demonstra a importância da Igreja Católica
na época da construção da primeira matriz.
No topo da escadaria Bárbara M. Lindenberg se encontra o Palácio Anchieta. Este abrigava o Colégio
de São Tiago, desde 1587, e se tornou a sede do
Governo Estadual em 1798. Enfrentando três grandes incêndios e várias
reconstruções, o
edifício é Tombado pelo Conselho Estadual de
Cultura em 1983. A restauração completa do Palácio Anchieta foi
concluída em 2009 passando a receber visitação e exposições. A Escadaria Bárbara M. Lindenberg foi construída em 1883 no lugar onde havia antes a Ladeira Padre Inácio. É uma bela construção, ornada por seis belas esculturas em estilo neoclássico, quatro planos calçados e possui uma fonte artificial em sua base. Se encontra bem conservada e com pintura nova, ao contrário da sua vizinha, a escadaria Maria Ortiz, que está em mau estado de conservação. A escadaria, apesar de uma das mais famosas da cidade, está descuidada. Foi construída em 1924 no que era antes a Ladeira do Pelourinho.
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Escadaria Maria Ortiz |
Podemos perceber que as escadarias do centro histórico, em sua maioria neoclássicas e ecléticas, foram construídas muito após a fundação da cidade, que tem sua origem colonial. O estilo neogótico da Matriz de Vitória também é presente na Basílica de Lourdes na rua da Bahia, Belo Horizonte. A semelhança de estilo das escadarias e de alguns edifícios de Vitória aos edifícios das antigas sedes administrativas da Praça da Liberdade se dá pela época de suas construções: fim do século XIX e início do XX. A cidade de Vitória, portanto, apresenta numa mesma região central estilos arquitetônicos muito distantes no tempo, podendo caracterizar uma riqueza, mas também, no caso da Matriz neogótica, uma perda com a derrubada da antiga Matriz colonial.
(http://www.vitoria.es.gov.br/cidade/historia-de-vitoria)
(https://www.achetudoeregiao.com.br/es/vitoria/geografia.htm)
(http://seculodiario.com.br/blogs/manu/tag/escadaria-barbara-lindenberg/)
(http://www.rotascapixabas.com/2010/06/07/uma-catedral-fora-de-contexto/)
(http://seculodiario.com.br/blogs/manu/tag/escadaria-barbara-lindenberg/)
(http://www.es.gov.br/Governo/paginas/Palacio_Anchieta.aspx)
(http://seculodiario.com.br/blogs/manu/tag/escadaria-barbara-lindenberg/)
(http://www.rotascapixabas.com/2010/06/07/uma-catedral-fora-de-contexto/)
(http://seculodiario.com.br/blogs/manu/tag/escadaria-barbara-lindenberg/)
(http://www.es.gov.br/Governo/paginas/Palacio_Anchieta.aspx)
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