No dia 22 de março fiz uma visita à exposição Formas do Moderno na Casa Fiat de Cultura que conta com 53 pinturas e 5 esculturas de variados artistas. A exposição traz uma narrativa da história da arte no Brasil na primeira metade do século XX.
Durante este período vários estilos de expressão
artística surgiram e se sobrepuseram na tentativa de quebrar regras e na
procura da liberdade. Foi nessa época que o mundo viu a ruptura mais radical
com o passado, “concentrava-se menos na realidade visual externa e mais na
visão interna”. A arte do século XX libertou a escolha de tema pelos artistas
por que não eram mais obrigados a agradar mecenas, libertou a forma das regras
tradicionais (como no Cubismo), e libertou as cores da representação realista
(como no Fovismo).
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(Ismael Nery - Figuras Sobrepostas) |
Nesta obra de Ismael Nery podemos perceber a forte influência do Cubismo na arte brasileira. Além disso, pode-se perceber que a lei da frontalidade, presente nas artes egípcia e mesopotâmica, serviu de inspiração para os artistas cubistas. Apesar de querer quebrar paradigmas e buscar a liberdade de criação, a arte modernista ainda buscou elementos da arte de civilizações antigas que, na verdade, foram as grandes fontes de inspiração para forma de fazer arte no ocidente desde a Grécia Antiga.
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(Emiliano Di Cavalcanti - Batuque)
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Na obra Batuques, Emiliano Di Cavalcanti, é possível perceber o rompimento com as formas e com os temas clássicos, o retrato de uma festa tradicional. Os motivos brasileiros foram uma tendência do movimento modernista no Brasil, inclusive na arquitetura com Oscar Niemeyer.
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(Bruno Giorgi - Flautista)
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Também nas esculturas, o artista modernista rompeu com as formas clássicas e passou a representar "não o que se vê por fora, mas o que existe por dentro". Um exemplo é a escultura em bronze de Bruno Giorgi, esguia e com muito movimento e leveza, o que não seria possível, nessas proporções, sem romper com as regras tradicionais. Algumas de suas obras estão na cidade de Brasília, grande exemplo do modernismo na arquitetura.
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(José Pancetti - Lavadeiras do Abaeté)
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José Pancetti, artista brasileiro, rompe totalmente com o uso tradicional das cores e é muito influenciado pelo expressionismo. Essa obra possui cores chapadas, ausência de sombra e preocupação com profundidade e contornos muito simples e geométricos. O artista também tem a liberdade de escolher temas do cotidiano como o trabalho das lavadeiras.
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(Samson Flexor - Composição Geométrica) |
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(Hélio Oiticica - Metaesquema) |
O estilo abstrato conseguiu afastar-se ao máximo das formas e cores tradicionais chegando a uma liberdade radical de expressão. Buscou se afastar de seu referente no mundo real e explorar seus próprios elementos.
Samson Flexor, artista moldavo radicado no Brasil, foi um dos primeiros a explorar o abstracionismo no modernismo brasileiro. Flexor e Hélio Oiticica são exemplos da arte abstrata brasileira presentes na coleção de Edson de Queiroz.
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(Maria Helena Vieira da Silva)
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Por meio de linhas e formas geométricas pouco precisas e muito soltas, Maria Helena Vieira consegue representar o caos urbano de forma muito abstrata e caótica. É possível perceber o uso da perspectiva mesmo sem haver objetos definidos na obra.
(STRICKLAND, Carol. Arte Comentada: Da Pré-História ao Pós Moderno. 15. ed. Rio de Janeiro: Ediouro,2004)
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