quarta-feira, 30 de março de 2016

Releitura da relação entre os objetos

Uma conclusão sobre a rede:

A conclusão do meu último texto sobre a rede de objetos foi que ela seria programática em função das ligações finalísticas e causalísticas entre os objetos. Descobri depois que, por mais que as ligações não sejam programáticas, a rede pode mesmo assim o ser. Durante as discussões em sala descobri que a rede de objetos, ao contrário do que tinha pensado anteriormente, nunca seria previsível pois a quantidade de objetos era muito grande e a relação entre eles, por mais finalística ou causalística que fosse, nunca poderia ser prevista a ponto de ser possível saber todas as ligações de antemão.

Refazendo as ligações:

Para refazer a ligação entre o meu objeto e o xale preto com transparência imaginei que ao cobrir o cubo se estabeleceria a noite no planeta que está dentro. O xale filtraria a luz que vem de fora e sua cor preta estaria associada ao universo visto da Terra. Aprofundando ainda mais, poderíamos imaginar que cada buraco na trama do tecido, onde a luz ainda passa, ao ser visto por um ser na terra, poderia ser interpretado como uma estrela. Depois de imaginar essa relação pensei que apenas uma criança muito entediada e com poucos objetos à mão faria uma brincadeira assim.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Formas do Moderno na Casa Fiat de Cultura - Coleção Edson Queiroz


No dia 22 de março fiz uma visita à exposição Formas do Moderno na Casa Fiat de Cultura que conta com 53 pinturas e 5 esculturas de variados artistas. A exposição traz uma narrativa da história da arte no Brasil na primeira metade do século XX.
 Durante este período vários estilos de expressão artística surgiram e se sobrepuseram na tentativa de quebrar regras e na procura da liberdade. Foi nessa época que o mundo viu a ruptura mais radical com o passado, “concentrava-se menos na realidade visual externa e mais na visão interna”. A arte do século XX libertou a escolha de tema pelos artistas por que não eram mais obrigados a agradar mecenas, libertou a forma das regras tradicionais (como no Cubismo), e libertou as cores da representação realista (como no Fovismo).    
 (Ismael Nery - Figuras Sobrepostas)
Nesta obra de Ismael Nery podemos perceber a forte influência do Cubismo na arte brasileira. Além disso, pode-se perceber que a lei da frontalidade, presente nas artes egípcia e mesopotâmica, serviu de inspiração para os artistas cubistas. Apesar de querer quebrar paradigmas e buscar a liberdade de criação, a arte modernista ainda buscou elementos da arte de civilizações antigas que, na verdade, foram as grandes fontes de inspiração para forma de fazer arte no ocidente desde a Grécia Antiga.

 (Emiliano Di Cavalcanti - Batuque)
Na obra Batuques, Emiliano Di Cavalcanti, é possível perceber o rompimento com as formas e com os temas clássicos, o retrato de uma festa tradicional. Os motivos brasileiros foram uma tendência do movimento modernista no Brasil, inclusive na arquitetura com Oscar Niemeyer.
(Bruno Giorgi - Flautista)
Também nas esculturas, o artista modernista rompeu com as formas clássicas e passou a representar "não o que se vê por fora, mas o que existe por dentro". Um exemplo é a escultura em bronze de Bruno Giorgi, esguia e com muito movimento e leveza, o que não seria possível, nessas proporções, sem romper com as regras tradicionais. Algumas de suas obras estão na cidade de Brasília, grande exemplo do modernismo na arquitetura.

(José Pancetti - Lavadeiras do Abaeté)
José Pancetti, artista brasileiro, rompe totalmente com o uso tradicional das cores e é muito influenciado pelo expressionismo. Essa obra possui cores chapadas, ausência de sombra e preocupação com profundidade e contornos muito simples e geométricos. O artista também tem a liberdade de escolher temas do cotidiano como o trabalho das lavadeiras.

(Samson Flexor - Composição Geométrica) 
(Hélio Oiticica - Metaesquema)

O estilo abstrato conseguiu afastar-se ao máximo das formas e cores tradicionais chegando a uma liberdade radical de expressão. Buscou se afastar de seu referente no mundo real e explorar seus próprios elementos.
 Samson Flexor, artista moldavo radicado no Brasil, foi um dos primeiros a explorar o abstracionismo no modernismo brasileiro. Flexor e Hélio Oiticica são exemplos da arte abstrata brasileira presentes na coleção de Edson de Queiroz.


(Maria Helena Vieira da Silva)
Por meio de linhas e formas geométricas pouco precisas e muito soltas, Maria Helena Vieira consegue representar o caos urbano de forma muito abstrata e caótica. É possível perceber o uso da perspectiva mesmo sem haver objetos definidos na obra.









(STRICKLAND, Carol. Arte Comentada: Da Pré-História ao Pós Moderno. 15. ed. Rio de Janeiro: Ediouro,2004)

domingo, 20 de março de 2016

A lógica programática de Flusser aplicada à rede de objetos feita em sala.


Depois de encontrarmos objetos que tivessem a ver com nossas características, foi feita uma dinâmica em que cada aluno apresentou o seu e o ligou a mais dois. Ocorreu que muitos alunos utilizaram uma lógica finalística e causalística tanto para apresentar seus objetos quanto para liga-lo aos outros. O meu é o da figura, um cubo de acrílico com um globo terrestre dentro. Acredito que fiz parte deste grupo de alunos que seguiu uma lógica simples e linear ao associar uma característica minha de curiosidade quanto ao mundo a algo tão obvio como o globo terrestre. Teria tido uma lógica mais complexa se, por exemplo, tivesse associado essa minha característica a um canetão de quadro, que professores usam pra nos ensinar e nos mostrar um mundo completamente novo.  Outra visão muito linear e óbvia que tive na dinâmica foi a de associar meu objeto à Torre Eiffel que representa uma vontade de conhecer outros lugares, assim como o globo. Quando liguei meu cubo de acrílico ao xale de vestir preto com transparência também segui uma lógica linear, pois associei a transparência do cubo à do xale. Também na minha rede, a bolinha de ping-pong se ligou ao meu cubo. Acredito que o teor causalístico e finalístico na rede de objetos se dá pela previsibilidade das ligações entre eles, isso acontece pela lógica simples e linear utilizada pelos alunos ao ligar objetos por suas características semelhantes ou por sua vontade de ter a característica observada no outro. Para Flusser: “O conceito fundamental da visão programática é, portanto, o acaso.” Então, de acordo com a programática de Flusser, nossa rede de objetos foi muito mais finalística e causalística que programática.

Alice Bottaro, 20 de março de 2016.

Croqui Edifício Niemeyer Praça da Liberdade


Edifício Niemeyer visto da Praça da Liberdade

Alice Bottaro, 20 de março de 2016

sábado, 19 de março de 2016

O Complexo Arquitetônico da Pampulha

Pesquisa sobre o Conjunto Arquitetônico da Pampulha

Encomendado pelo então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, ao jovem arquiteto Oscar Niemeyer, o conjunto da Pampulha é composto de cinco edifícios em torno do lago artificial da Pampulha. Eles são: um cassino, um salão de danças popular, um clube de elite, uma igreja e um hotel (que não foi construído). Mais tarde foi encomendada pelo prefeito uma casa de veraneio para ele e sua família. Niemeyer chamou o calculista Joaquim Cardoso e o paisagista Roberto Burle Marx e projetou cada edifício como uma unidade mas interligada aos demais.
Fonte: http://arquiteturaurbanismotodos.org.br/pampulha/

Museu de Arte da Pampulha (antigo cassino)

O prédio que hoje abriga um museu, foi o primeiro projeto de Oscar Niemeyer para o conjunto da Pampulha. Sua concepção foi influenciada pelos princípios funcionalistas do arquiteto Le Corbusier. Os jardins que circundam o prédio foram criados pelo paisagista Burle Marx e têm como principal característica sua composição com formas sinuosas, com grandes blocos ou manchas de cores construídas com espécies da fauna brasileira.
Fonte: http://www.belohorizonte.mg.gov.br/local/atrativos-turisticos/culturais-lazer/museu-de-arte-da-pampulha

Igreja São Francisco de Assis

Sendo uma das primeiras obras do arquiteto, com a qual ele ganhou reconhecimento em todo o país, Niemeyer encontrou a oportunidade de desafiar a monotonia que rodeava a arquitetura contemporânea, aproveitando-se da liberdade plástica que o concreto permite, dando início à sua arquitetura de curvas que o caracteriza até hoje.
É característico o uso do concreto neste trabalho no qual se conseguiu os volumes de grande riqueza formal incorporando, ao mesmo tempo, valores poéticos da cultura do país. Suas curvas e linhas oblíquas lhe conferem um caráter assimétrico e flexível, refletindo a exploração máxima das possibilidades plásticas e potencialidades escultóricas oferecidas pelo concreto armado. 

Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-83469/classicos-da-arquitetura-igreja-da-pampulha-slash-oscar-niemeyer

Casa do Baile

Referência da arquitetura moderna brasileira, a Casa do Baile foi projetada por Oscar Niemeyer que propunha uma integração total com o ambiente da lagoa. A planta se desenvolve a partir de duas circunferências que se tangenciam internamente. Delas desprende-se uma marquise sinuosa, bem ao gosto barroco, que provoca o olhar e dialoga com as margens da represa.

Fonte: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade.do?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxonomiaMenuPortal&app=fundacaocultura&tax=45116&lang=pt_BR&pg=5520&taxp=0&

Pampulha Iate Clube

Construído em 1942, sua arquitetura remete a um barco que se lança nas águas da Pampulha. A fachada em forma de proa é inspirada em imagens náuticas popularizadas por Le Corbusier. O espaço possui projeto paisagístico assinado por Burle Marx e obras de Cândido Portinari.

Fonte: http://www.iatebh.com.br/site/conjunto-arquitetonico-da-pampulha/

19 de março de 2016.

Arquitetura e Vestuário

Reflexão sobre as diferenças entre arquitetura e vestuário

Arquitetura e vestuário são ambos voltados primordialmente a atender necessidades do homem. Criados pelo próprio ser humano, a arquitetura e o vestuário serviram antes como forma de abrigo de intempéries ou de condições climáticas próprias das regiões onde habitou. Graças a essas duas invenções o homem pôde conquistar regiões tão extremas como desertos quentes ou até regiões árticas. Durante a História da humanidade a arquitetura adquiriu, além da proteção, diferentes funções e significados. Templos foram construídos para serem locais de adoração a deuses, por exemplo. A forma de construção de uma moradia e os materiais de que é feita demonstraram e demonstram até hoje o status de seus habitantes, sendo essa uma forma importante de linguagem. Da mesma forma, o vestuário também desenvolveu diferentes significados de acordo com o tempo histórico e a cultura. Diferentes vestuários são utilizados dependendo do status de uma pessoa. O material mais simples ou mais nobre, a maneira de fazer a vestimenta dependem se ela tem uma alta posição social ou não. Além disso, dependendo do lugar onde uma pessoa está, com quem ela está, da idade, do sexo e da ocasião, as roupas também podem mudar. Algo semelhante acontece na arquitetura: lugares com finalidades diferentes são construídos de maneiras diferentes e com materiais diferentes. Então, porque vestuário e arquitetura não são a mesma coisa? Um fato relevante são as dimensões de cada um. O vestuário é mais íntimo e de menor escala enquanto a arquitetura é coletiva e em escalas maiores. Também é preciso considerar que o primeiro é mais perecível enquanto o segundo é mais durável. Mesmo diante de muitos argumentos, a discussão acerca das diferenças entre arquitetura e moda continua. 

Revolução Objetiva

Parágrafo sobre o texto "Animação Cultural" de Vilém Flusser


A revolução objetiva descrita no texto “Animação Cultural” nos parece completamente fora da realidade. Porém, ao refletir melhor sobre ele, percebemos que uma revolução dos objetos, na qual eles tomariam o poder e governariam os homens, não é tão descabida assim. Claramente não há possibilidade de um objeto criar consciência, subjetividade ou emoção como no texto, sendo esse apenas uma ilustração. O teor de realidade de “Animação Cultural” se encontra no fato de as pessoas darem aos objetos funções e importância fundamentais em suas vidas passando a dependerem deles. Após o século XX, com a incorporação das máquinas à vida cotidiana e o modo de produção industrial em massa, o ser humano passa de detentor de poder sobre os objetos a servo destes. Portanto, o texto é uma ilustração do paradoxo no desenvolvimento da relação entre homem e objeto.